poesia versos - Fábio Brazil

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MORAL DA HISTÓRIA

é só o macho que goza
é só o fraco que sente
é só o pobre que chora
é só a puta que trepa
é só a bicha que sonha
é só o outro que peca
é só o preto que rouba
é só o povo que errra


AFRODITE

feita de bruma
e nuvem
que se fez água
e chuva
que se fez mar
e espuma
que se fez onda
e pulso
que se fez pele
e curva
que se fez carne
e ponto
final.



A TORRE
 
A pedra
carregá-la escada acima
sustê-la
presa entre os artelhos
mesmo
quando mais se inclina
e pesa
a câimbra e falta a força
erguê-la
Babel acima.


PALAVRAS VAGABUNDAS   
 
palavras são mesmo vagabas
eu mesmo não conheço nenhuma
tão distinta
que não saiba a saliva
de muitas línguas

até as mais novinhas
tipo: megapixel
rápido destrambelha
se desanda em propaganda
e já parece puta-velha
 
a roupa é sempre justa
e cada dia mais curta
Vossa Mercê vira cê
cobrindo somente
a semente da fruta
 
palavra, palavra é puta
que amamos por toda vida
na cama, em pé, na latrina
sem vergonha alguma
mas ela gosta é da rua

livre, se dando à toa
pra todo mundo
palavras têm gozo frouxo
na voz do povo
quando toma e entoa
essas imundas


OS INSETOS
 
Um inseto invade
a vida asséptica
dos cubos irregulares.
 
Um inseto invade.
Descreve órbitas insensatas
incalculáveis
voltas desconexas
quedas piruetas
espiraladas ondas
sob a luz fria dos cubos irregulares.
 
Pânicos familiares:
onde a ordem?
onde o direito?
onde a propriedade?
Onde o inseto invade.
 
Respira-se ânsias aflitas.
Jornal em punho
o macho tático
esgrima inconformado
fêmeas evacuam o cubo
onde o inseto invade.
 
Onde a dignidade?
 
Súbito
são e insigne
em linha reta
pela fresta mínima
de janela aberta
o inseto evade.
 
Atrás de si
o silêncio
e uma estranha forma de saudade.

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